sábado, 25 de agosto de 2012

Carina, A Boneca de Pano



Carina, A Boneca de Pano



- Mamãe, quero uma boneca igual a mim!

-Disse a pequena Maria Vitória do alto de seus três anos de idade.

E na euforia de quem espera o Natal com muita ansiedade continuou...

Uma boneca que saiba andar, falar, cantar e que nunca se canse de brincar!

A mãe amorosamente ouviu o pedido, mesmo sabendo que seria impossível realizar o sonho da pequena

por conta dos inúmeros compromissos financeiros.

Só que a pequena, com os olhinhos radiantes diariamente separava o par de sapatos impecavelmente

 brancos pedindo para a mãe colocar nas janelas.

Os dias foram passando, as vitrines coloridas, as ruas movimentadas, as fachadas multicoloridas, os

presépios e a harmoniosa beleza do momento indicava a proximidade do Natal.

Lucy, a mãe dedicada pensando em proporcionar para a pequena um presente que a fizesse feliz,

porém não incentivasse o consumismo pensou longamente como atender o desejo.

Percorreu as lojas, viu a tal boneca completa que andava, falava, brincava.

Poderia comprar...

No entanto, teve uma idéia.

Imediatamente a colocou em prática.

- Faria uma boneca de pano !

Gastaria pouco e o resultado, seria maravilhoso.

Saiu em busca dos comércios onde pudesse comprar retalhos de algodão colorido,um par de olhos,

cabelinhos e a os flocos de espuma para o enchimento.

Precisaria também de um pedaço de plástico para o par de sapatinhos e uns metros de fitas de cetim

para adornar.

Imbuída pelo espírito de Natal Lucy pensou ainda no meio ambiente, na redução do consumo, na

importância de reciclar.

No comércio adquiriu apenas o par de olhos...

Retornou para seu lar – uma casa onde o perfume das flores se mistura com o da paz e o amor

 faz morada mediante a harmonia, a respeito mútuo, a união e a simplicidade.

Maria Vitória a esperava ansiosa correu para seus braços.

Mamãe – disse a pequena com um brilho inconfundível nos olhos.....

- E a boneca que anda, você vai comprar?

A mãe, com toda ternura lhe disse:

- Minha querida, vou sim lhe dar uma linda boneca de presente!

Espere o papai chegar, explique para ele como é esta boneca.

Passado algum tempo a menina ao ouvir a campainha saiu em direção à porta para abraçar o pai como

faz todas as noites.

Conversaram sobre o dia, sobre as brincadeiras da pequena, sobre a boneca que anda, sobre os presentes de Natal.

Mesa posta, prece para agradecer o pão de cada dia e a saúde.

Maria Vitória cansada das brincadeiras do dia logo após o jantar adormeceu.

Aproveitando a tranquilidade Lucy procurou o material para fazer a boneca que mais tarde tanta alegria daria para a pequena.

Precisava de enchimento, tecido para moldar o corpo, um vestidinho, sapatinhos, chapéu, adornos, fitas e rendinhas.

Lembrou-se de um travesseiro sem uso - os flocos de espuma perfeitos para o enchimento.

De um lençol que vestira o berço da menina, mais agora acumulando no armário com objetos sem - uso

recortou o corpinho.

Ficou super feliz quando se lembrou do primeiro vestidinho de Maria Vitória – lindo rosa com bolinhas

azuis todo enfeitado de laços, pedrinhas e renda – ajustaria para compor a sonhada boneca.

Com o plástico do trocador de fraldas faria os sapatinhos e o chapéu.

Com sobras de lãs coloridas os cabelos.

As fitas que vieram com os presentes do dia da criança serviriam para fazer as graciosas chiquinhas.

Uma caneta para pintar tecido foi a solução para desenhar o nariz e a boca.

A colônia refrescante de Maria Vitória daria o acabamento final.

Lucy separou tudo muito feliz, colocou a criatividade para funcionar.

Passou os tecidos recortou o corpinho da linda boneca de pernas longas e carinha feliz com jeito

de amizade.

Abriu a antiga máquina de costura que pertencera à sua avó.

Costurou com precisão a primeira etapa daquele presente especial.

Pediu ajuda para o marido na hora de colocar os flocos, moldou o corpo da boneca.

Separou os fios de lã.

Fez os cabelos costurando manualmente.

Adornou com as flores das Maria chiquinhas.

Colocou os olhinhos, pintou a boca, o nariz, coloriu com blush as bochechas.

Pronto!

A boneca ganhou uma face!

Em seguida colocou o vestidinho – aquele que fora de Maria Vitória.

Ajustou a barra, as rendas, os laços, as pedrinhas.

Ficou um encanto!

A cada etapa a boneca ganhava vida.

Por fim recortou os sapatinhos e o chapéu.

Incrementou ainda mais fazendo uma pequena bolsa tiracolo.

Ponto!

Que linda boneca!

A soma do amor de Lucy, a consciência ambiental em termos de reciclagem e a criatividade
resultou na linda boneca de pano – presente de Natal para Maria Vitória.

Perfumou de lavanda, fez o pacote.

Em seguida colocou ao lado dos sapatinhos brancos da menina.

Esta ao despertar – era manhã de Natal, ansiosa abriu o presente esperado.

Não era a boneca que falava, ou andava igual gente.

Era muito mais!

A boneca construída pelas habilidosas mãos de sua mãe com tanto amor que ao apertá-la junto ao junto

 ao peito parecia que a tinha um coração!

Sentiu o perfume, o aconchego, o carinho dos pais, a maciez , o colorido e a beleza da boneca de pano.

Mamãe – disse a pequena.

Que nome vamos dar para ela?

Ah minha filha, escolha você – disse a mãe não se cabendo de felicidade ao ver a alegria de

Maria Vitória.

Já sei – emendou a menina.

Ela vai se chamar Carina.

Carina - indagou Lucy ?

É sim mamãe, porque Carinha não é igual a carinho?

Então!

Carina porque você fez ela para mim mamãe com muito carinho!

Mamãe eu adorei!

Na sala podia se ouvir a canção....

Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar....

Naquele momento toda a felicidade do mundo cabia no coração daquela família, onde
a simplicidade, o amor e a união fizeram o melhor dos presentes de Natal...

Ao final da canção abraçaram-se louvando a Deus pelo momento...

Maria Vitória não larga de jeito nenhum Carina, a boneca de pano que tem nome de carinho.

E...quando os sinos anunciaram a hora santa - a meia noite do dia 24 de dezembro, ocorreu algo

mágico - uma voz meiga quase que sussurrando disse para que todos ouvissem....

Feliz Natal Maria Vitória, Muita alegria no novo Ano!!!!!

Era a bonea de pano.....



(Ana Stoppa)


(Quando o ser humano divorciar-se dos sonhos
perderá o sentido da vida!) Ana Stoppa.
 

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